LucianaFranKlin

É a mim mesmo que pinto. Michel de Montaigne

Textos


Nietzsche era gay?

 

Nietzsche foi um filósofo adepto de ideias que propiciaram uma espécie de dinamite no pensamento tradicional ocidental no século XIX, foi um dos primeiros a falar sobre o ressentimento. 

 

O triângulo amoroso entre o filósofo Nietzsche, a russa Lou von Salomé e o judeu alemão Paul Rée é o tema do drama que tem como cenário a Roma de 1899.

 

O artista não tem sexo, ou o sexo do artista não tem a menor importância, mesmo assim se fazermos um exercício psicanalítico para justificar a curiosidade, vemos que Nietzsche não acreditava no idealismo, na intuição, no senso divinatório da mulher, por exemplo e sua vitória edipiana quando o pai morre, deixando esse lugar só para ele onde interdição paterna do incesto fora aniquilada pela falta de competidores: "Nossa família tinha sido despojada de sua coroa, toda a alegria desapareceu de nossos corações e uma tristeza profunda apoderou-se de nós", disse ele, posteriormente.

 

Em seu sonho premonitório que anuncia também outro varão da família, o irmão José, o único que poderia disputar o pai com ele, também morreu: "Contei pela manhã esse sonho à minha mãe bem amada. Pouco depois, meu irmão caiu doente, teve ataques de nervos e morreu em poucas horas. Nossa mágoa foi terrível. Realizara-se exatamente meu sonho. Após essa dupla desgraça, o Senhor nos foi todo o nosso consolo."

 

Em 1887, dois anos antes de perder por completo a razão, escrevendo à sua mãe, ele se assina "tua velha criatura". E são os carinhos braços maternos que lhe vão acalentar a demência, na casa de saúde, para onde fora transferido, após a explosão da insanidade que lhe escurecera para sempre a inteligência. Em seus últimos dias, apenas uma palavra lhe move os lábios: "Mamãe".

 

Sua irmã Lisbeth é o anjo da guarda que atravessa toda a sua existência, é a companheira de sua meninice, a consoladora de seus instantes de desalento, a enfermaria carinhosa, incansável de sua década de loucura. A correspondência entre os dois é sempre terna. "Vives longe, eu aqui, escreve ele, em uma solidão mais inatingível que todos os paraguais. Minha mãe deverá viver só e nós todos devemos ser corajosos. Eu vos amo e choro".

 

Lisbeth dá conselho que se case e ele escreve para a irmã contando haver visto, num passeio, uma "jovem encantadora", cuja imagem não conseguia afastar de si. Lembra-se, então, dos conselhos matrimoniais da irmã, a quem escreve ainda: "Tê-la ao meu lado seria também para ela um benefício? Acaso minhas ideias não a tornariam infeliz? Não teria eu coração despedaçado (supondo que eu a amasse) se visse sofrer tão amável criatura? Não, nada de casamento", referindo-se à escritora alemã Malwida de Weysenbug.

 

Já Liolia von Salomé, famosa pela beleza e notável inteligência, fugiu do pregador Gillot, que lhe surgia como um obstáculo à sua liberdade, exatamente como fugiu mais tarde de outras relações com Nietzsche, Paul Rée e Rilke, quando a pediram em casamento. O fascínio por Gillot desintegrou-se pois no seu universo não havia lugar para o desejo nem para o sexo, nem tão pouco, espaço para um casamento. Quando ela fugiu com Paul Rée deixou Nietzsche completamente arrasado. Ela explicou a ele que seu amor era apenas intelectual, e não físico ou romântico. Especula-se que o agravamento da doença que levou o filósofo à morte foi resultado deste amor não correspondido que Nietzsche nutriu até o fim de sua vida. Em carta ao seu editor, Nietzsche falou um pouco sobre seus sentimentos em relação a partida de Salomé: “Minha relação com Lou está nos últimos e mais dolorosos momentos. Pelo menos assim o creio hoje. Se houver um mais tarde, quero dizer uma palavra a respeito. Compaixão, meu caro amigo, é uma espécie de inferno”, desabafou o filósofo.

 

 

Texto extraído do artigo publicado em 1922, no periódico A.B.C. Nesse texto, que é um trecho do livro Ideias e Comentários, Mario de Lima aborda o papel exercido pela mulher na vida e na obra de Nietzsche, em particular a relação do filósofo com a mãe, a irmã Elisabeth e a amiga Malwida von Meysenbug.

 

Lou Andreas Salomé, a mulher por quem Nietzsche chorou, por Thayane Maria.

 

https://revistacaliban.net/lou-salom%C3%A9-a-mulher-que-encantou-nietzsche-e-rilke-83c4d938b792

 

 

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 10/09/2024
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