Presença indigesta e hipnopômpica

Depois de uma viagem em que vi maravilhas mas tive o azar de ter uma companhia do Capeta, estou retornando desta Cruzada. Bendito Portinho, minha bela e amada cidade. Senti falta de tudo: da minha família, dos meus amigos - tantos e em tantas maravilhosas versões - , da minha terapeuta, do meu treino, do Pilates, do café no bar da esquina, do meu carrinho arranhado, do mercadinho da esquina e até dos moradores de rua que nos atucanam. Nada se compara a presença indigesta, arrogante, narcisista e cruel que tive nesses 15 dias. 

Seguia a viagem numa "sozinhez" entre imposta e providencial e mesmo assim permanecia alvo do ataque da

'companheira' sentada ao meu lado. Me fuzilava com seus olhos miúdos e com seu nariz e boca que varara meus ouvidos a noite toda, ainda que blindados com inocentes buchinhas de algodão! E já estava ela, prestes a desancar mais uma. Desta vez foi a percepção de que eu tinha uma postura muito mais ereta no tempo que fui sua aluna. E agora me via encurvada de estatura acanhada, quase um Gabiroto. Deduzi que foi o peso do conhecimento que me passaste, adorável mestra.

As alucinações hipnagógicas são experiências perceptivas, associadas a fenômenos visuais, táteis e auditivos, que acontecem na transição entre a vigília e o sono.