Eugenia em Platão

Livro V página 227 da República de Platão: "É preciso, de acordo com o que estabelecemos, que os homens superiores se encontrem com as mulheres superiores o maior número de vezes possível, e inversamente, os inferiores com as inferiores, e que se crie a descendência daqueles, e a destes não, se queremos que o rebanho se eleve às alturas, e que tudo isto se faça na ignorância de todos, 'ecepto' dos próprios chefes, a fim de a grei (rebanho, partido) dos guardiões estar, tanto quanto possível, isenta de dissensões. (...) Pegarão então nos filhos dos homens superiores, e levá-los-ão para o aprisco (curral de ovelhas), para junto de amas que moram à parte num bairro da cidade; os dos homens inferiores, e qualquer dos outros que seja disforme, escondê-los-ão num lugar interdito e oculto, como convém, se realmente queremos que a raça dos guardiões se mantenha pura."

Idem. Ibidem. Página 459a e b:"Dentre os animais, apesar de serem de boa raça, há alguns que são ou se prova serem melhores? Há! Então fazes criação igualmente de todos, ou esforças-te por que sejam antes os melhores? Dos melhores. Pois então! De preferência dos mais novos, dos mais velhos ou dos que estão na flor da idade? Dos que estão na flor da idade. E se não se fizer assim a criação, pensas que se deteriorará a raça dos animais? Penso que sim. E que pensas quanto aos cavalos e aos restantes dos animais? Será de outro modo? Seria absurdo. Ó Céus, meu caro companheiro, como os nossos chefes terão de estar no cume, nos píncaros, se na verdade as coisas se passam do mesmo modo com a raça humana! (...) Pode acontecer que os nossos governantes precisem usar de mentiras frequentes e de dolo para benefício dos governados. Nós dissemos em algum lugar que todas essas coisas eram úteis sob a forma de remédio."

PLATÃO. República. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2002. Tradução de Enrico Corvisieri.