Mais utopia

Trata-se de um navegador que teria abandonado seus irmãos e sua propriedade e se juntado ao capitão Américo, cidadão e sub delegado de uma gloriosa cidade (mas esse é mero relato neutro).

Não há povo mais interessante do que o daquela ilha, nem República melhor, mais duradoura e mais feliz. Na verdade, seria a única que poderia se arrogar a qualificação de República.

Alegrava-se com os utopienses que encontraram a forma de Estado que se deseja para toda a humanidade. Aquele povo que não fazia guerra por motivo fútil teria conseguido guiar-se pela razão, por valores cristãos mesmo sem conhecer o cristianismo, teria construído a mais perfeita organização política e teria alcançado, com seus próprios costumes, distintos daqueles dos europeus, o mais alto grau de civilização.

Nenhum Estado teria jamais atingido ou mesmo procurado atingir o ideal de Utopia na sua perfeição moral, na vida harmônica e feliz numa sociedade onde não circula dinheiro nem existe propriedade privada, nem na sua relação com outros povos, ao tentar realizar um comércio internacional justo, ao procurar eliminar a pobreza, ao ser altruísta e enxergar o interesse alheio mais do que o seu próprio: “a maior das pragas e portadora de todas as demais” é o orgulho, e em Utopia “todos os germes da ambição e da facciosidade foram extirpados.”

Utopia. Thomas More