LucianaFranklin

“A palavra é metade de quem a pronuncia, metade de quem a escuta” Michel de Montaigne

Textos

Ô seu Pedro Bó

O humor é a criação intencional de um objeto risível, que toca a inteligência e os afetos, levando o auditório à adesão pelo riso. Coisa muito séria. Tão séria que chega a ser até engraçado. Sempre o vemos por aí, caminhando destemido em meio ao desencanto e às dores, costurando a vida com fios de leveza. Ambivalente que é, costuma revelar tragédias e maravilhas. O humor pode, assim, criticar ou elevar. Mesmo que não tenha por objetivo principal provocar um debate explícito,

ele sempre provoca uma reação, seja de aceitação, seja de repúdio.

 

Em 1973, o excepcional Chico Anísio criou uma cidade no sertão nordestino onde mais de uma centena de personagens desfilou por quase uma década na tela da Globo, no programa Chico City. O humorista interpretava quase todos os principais tipos por ele criados. Assim, surgiram o prefeito populista e corrupto, Valfrido Canavieira; os velhotes Popó e Albamerindo; o jornalista comunista, opositor do prefeito, Setembrino, vulgo “Esquerdinha”; o locutor de rádio, Roberval Taylor; o grupo Baiano e os Novos Caetanos, sátira de Caetano Veloso e os Novos Baianos (a música “Vô Batê Pá Tu” foi um megassucesso, mas foi Pantaleão Pereira Peixoto  foi o grande sucesso do humorístico. O quadro do fazendeiro aposentado que contava histórias extraordinárias a seus visitantes encerrava o programa, garantia a audiência e, segundo Chico Anysio (1992), chegava a ofuscar as outras personagens. O núcleo de Pantaleão – conjunto das personagens que sempre o acompanhavam e tinham ações atreladas às dele – era composto por sua esposa, Tertuliana (Terta), e pelo afilhado, Pedro Bó, afilhado do casal, adulto meio abobalhado, quase uma criança. Num dos casos em que Pantaleão dizia que lavou o rosto ele perguntou: “Com água, padrinho?”. Para vir em seguida o famoso bordão: “Não, Pedro Bó, lavei com mijo”. Terta (Suely May) era a companheira e cúmplice de Pantaleão. Era ela quem confirmava as histórias fantasiosas do marido, que sempre lhe dirigia a pergunta: – É mentira, Terta?

 

 

 

 

 

 

 

LucianaFranklin
Enviado por LucianaFranklin em 14/04/2025
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