LucianaFranklin

“A palavra é metade de quem a pronuncia, metade de quem a escuta” Michel de Montaigne

Textos

Mas Che, quem é o líder?

Quando dois reinos brigam, procure o terceiro que está financiando esses dois, aparentemente um ganhou, mas está destroçado. Esses dois reinos estão na mão de quem patrocinou, de quem está por trás, de quem ganhou, daí os reinos patrocinaram outros para se matarem também. O objetivo é a guerra civil, que pode chamar de revolta social, que é na verdade uma revolução molecular: você vê a revolta acontecer e não sabe quem é o líder: "Militar e agir, pouco importam as palavras, o que interessa são os atos."

 

É fácil falar, sobretudo em países onde as forças materiais estão cada vez mais na dependência das maquinas técnicas e do desenvolvimento das ciências. Derrubar o Reino implica na ação de explorados e sua mobilização contra a atroz máquina repressiva da sociedade e do Estado, forçando as massas tomarem consciência da sua força irresistível face a fragilidade do inimigo de classe; fragilidade a ser revelada, demonstrada pela prova de forças. O inimigo se infiltrou por toda parte, ele secretou uma imensa interzona pequeno-burguesa para atenuar o quanto for possível os contornos de classe. A própria classe operaria está profundamente infiltrada. Não apenas por meio dos sindicatos pelegos, dos partidos traidores, mas infiltrada também por sua participação material e inconsciente nos sistemas dominantes do capitalismo monopolista de estado e do socialismo burocrático.

 

Há produção em serie de um individuo que é o mais despreparado possível para enfrentar as provas importantes de sua vida e completamente desarmado que ele enfrenta a realidade, sozinho, sem recursos, emperrado por toda esta moral e este ideal babaca que lhe foi colado e do qual ele e incapaz de se desfazer. Ele foi fragilizado, vulnerabilizado e está prontinho

para se agarrar a todas as merdas institucionais organizadas para o acolher: a escola, a hierarquia, o exercito, o aprendizado da fidelidade, da submissão, da modéstia, o gosto pelo trabalho, pela família, pela pátria, pelo sindicato e agora, toda a sua vida fica envenenada em maior ou menor grau pela incerteza de sua condição em relação aos processos de produção, de distribuição e de consumo, pela preocupação com seu lugar na sociedade, e o de seus próximos.

 

GUATTARI, Félix. REVOLUÇÃO MOLECULAR: Pulsações políticas do desejo. São Paulo: Brasiliense, 1985 (pg. 12 e 13).

 

 

 

LucianaFranklin
Enviado por LucianaFranklin em 30/04/2025
Alterado em 30/04/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

Site do Escritor criado por Recanto das Letras