![]() canções pintadasVioleta del Carmen Parra Sandoval nasceu em San Carlos, Chile em 4 de outubro de 1917 e em 5 de fevereiro de 1967, em Santiago, decidiu deixá-lo. Mundialmente conhecida por sua produção musical, com destaque para Gracias a la vida e Volver a los diecisiete, Violeta também foi artista plástica. Pinturas a óleo, tapeçarias, bordados, cerâmicas e esculturas são meios pelos quais expressou-se com perfeição, representando figuras humanas, animais e ambientes diversos, executados com uma inconsciente estética naif, com uso expressivo de cores, valorização orgânica das linhas e deformação emocional da realidade. Nestas obras, recriou com liberdade momentos cotidianos, históricos ou populares, expressando-se com a mesma originalidade com que compôs e cantou. “As arpilleras* são como canções pintadas”, disse certa vez sobre a técnica de bordar sobre telas rústicas e que, de certo modo, “inventou” a partir de 1960.
Sobre o início de sua produção artística, afirmou: “Não poderia ficar tanto tempo sem fazer nada. Um dia vi a lã e um pedaço de tela e comecei a fazer qualquer coisa. Nada surgiu. Não sabia nada porque, no fundo, não tinha claro o que queria fazer. Voltei a pegar o pedaço de tela e desfiz tudo e quis copiar uma flor, mas quando terminei, não era uma flor, mas uma garrafa. Quis colocar uma tampa na garrafa e surgiu a cabeça; então, coloquei olhos, nariz e boca: era uma dama, como essas que vão todos os dias à igreja rezar”.
Foi desta forma que uma mulher do povo, guiada basicamente pela sensibilidade, pois não possuía qualquer formação no âmbito da criação plástica, desenvolveu uma obra artesanal extraordinária, de grande beleza e simplicidade, plenamente identificada com a vida, as tradições e os problemas sociais do povo chileno. Costumava dizer que não sabia desenhar, que tudo o que fazia inventava. Ia preenchendo os espaços de suas telas e pinturas com o que “surgia em sua cabeça”.
Em seus trabalhos surgem trinta personagens e cada expressão que Violeta atribui a eles é única; fazem coisas distintas, mas a artista toma uma cor única e “viaja” pelos quadros para imprimir o que sente através desses personagens: “Yo misma a veces tengo el color de mi nombre o el color verde que es de la alegría y que me cuesta más que ninguno, o el rojo si estoy enojada y denuncio... Siempre uso como base los colores araucanos: amarillo, negro, violeta, rojo y rosado de copihue".
* tecido grosso e áspero, estopa, esta técnica têxtil nasceu no Chile por um grupo de mulheres bordadeiras, que durante a Ditadura Pinochet – em Isla Negra, pegavam os sacos feitos de aniagem (juta, linho, cânhamo ou outra fibra) que vinham com batatas e farinha.
FONTE/IMAGEM
LucianaFranklin
Enviado por LucianaFranklin em 25/07/2025
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