Inconsciente Estético

"O inconsciente estético não se refere apenas a um pensamento que não é consciente, mas a um pensamento que atua na própria forma do "não-pensamento", criando uma potência específica e o campo das artes e da literatura é o local privilegiado onde esse inconsciente se manifestar, sendo a "palavra surda de uma potência sem nome" que busca ser decifrada e reescrita. O conceito de inconsciente estético é visto como um terreno que possibilita o advento e a formulação da teoria psicanalítica do inconsciente de Freud, que surge como uma racionalidade capaz de formalizar esse campo de fronteira entre estética e teoria psicanalítica, ele expressa a imanência entre a razão (logos) e a paixão ou o sofrimento (pathos), algo que já é central na elaboração freudiana sobre o inconsciente. O conhecimento confuso na estética, não é um conhecimento menor, mas em uma forma de pensamento que lida com o não-pensamento. Essa abordagem desafia as distinções tradicionais e integra as artes como um regime de pensamento que se relaciona intrinsecamente com o psiquismo humano." Jacques Rancière*

Em O Inconsciente Estético, Jacques Rancière* argumenta que a teoria psicanalítica de Freud não desmistifica a arte, mas sim a reconhece como uma forma de "pensamento que não pensa", revelando uma verdade inconsciente nas obras. Ele descreve duas facetas dessa palavra muda: o detalhe "insignificante" que aponta para uma verdade inarticulável e o elemento "defeito" nos temas que, em vez de serem uma história, apontam para um inconsciente profundo. Assim, a análise freudiana da arte serve para evidenciar a racionalidade profunda da fantasia, onde a razão e o pathos se entrelaçam, desafiando a lógica representativa tradicional e a crença de que o pensamento é apenas a ação sobre uma matéria passiva.

* O livro explora as noções de inconsciente em Freud e a sua relação com o inconsciente estético, analisando como os conceitos psicanalíticos interagem com os movimentos artísticos e a lógica do pensamento na arte.

FONTE:

RANCIÈRE, Jacques. O inconsciente estético. São Paulo: Editora 34, 2009.

IMAGEM:

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