Inconsciente Ético

O termo "inconsciente ético" é uma formulação da psicanálise Lacaniana, que afirma que o inconsciente não é um conjunto de conteúdos estáveis ou um "saber" sobre a realidade, mas sim um campo marcado pela perda e falta de consistência, o que exige do sujeito uma postura ética de compromisso com a própria verdade e os seus desejos.

Para Lacan, o inconsciente se constitui como uma perda, ou seja, é um espaço de descontinuidade e falta, diferente de um conhecimento estável ou de um saber acabado, o inconsciente, enquanto perda, ganha consistência apenas na medida em que o sujeito se compromete eticamente com ele.

A busca da verdade do sujeito: O estatuto ético do inconsciente reside na ideia de que o sujeito tem uma busca pela sua verdade, que está ligada à sua fantasia, à sua forma de ser e se portar no mundo. O inconsciente só "ex-siste" (existe enquanto perda) por um ato do sujeito que assume o seu lugar diante da verdade que o inconsciente revela.

O que a ética psicanalítica envolve e implica em um compromisso do sujeito com o seu desejo, mesmo que este se apresente de forma insuportável ou "inaceitável" para o campo da consciência. A ética do inconsciente não se confunde com a consciência moral, onde a moralidade supõe autonomia e livre-arbítrio. No caso do inconsciente, o sujeito é convocado a assumir seu lugar diante de algo que, em essência, não é passível de escolha.

A ideia de "inconsciente ético" sugere que o inconsciente não é puramente caótico, mas busca, de alguma forma, resolver conflitos e equilibrar a psique, mesmo que através de um processo complexo e indireto e ao apresentar os desejos e traumas de forma simbólica nos sonhos, está, de certa maneira, atribuindo um sentido ao que ocorreu, mesmo que seja um sentido difícil de compreender inicialmente.

FONTES:

Freud, S. (1976). A interpretação dos sonhos. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.5) Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1900).

Lacan, J. (2008) O Seminário, livro 7: a ética da psicanálise.. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, (Obra originalmente publicada em 1959-1960).