O paradigma ético-estético-político não colapsou de forma definitiva

A ideia de um "colapso" pode ser interpretada como uma forma de radicalização da estética em relação à política. A expressão "paradoxo ético-estético-político" sugere que o próprio paradigma é um paradoxo a ser enfrentado e desconstruído. A necessidade de "radicalizar" e olhar para as bases teóricas do paradigma indica que não há uma aceitação inquestionável, mas sim um questionamento e a busca por um novo posicionamento crítico. Mas o paradigma ético-estético-político não colapsou de forma definitiva, mas sim passou por processos de reavaliação e se tornou objeto de reflexão e crítica. É mais preciso dizer que ele está em um processo de transformação e debate contínuo, onde se questiona se ele é um quadro estável ou um paradoxo em processo de transformação.

O "paradigma ético-estético-político" de Félix Guattari, também chamado de paradigma estético ou político-estético, é uma proposição para a criação e recriação éticas e políticas, buscando desafiar o sufocamento do capitalismo e da unidimensionalidade através da potência criativa. Este paradigma se opõe ao paradigma científico ou dogmático, que prioriza a rigidez e a dimensão de sistema, em favor da arte e da criação como força de emancipação e expressão.

Esse paradigma valoriza a criação nascente como motor do devir e da atualização das potencialidades, pois a ética e a política são vistas como indissociáveis da criação e da recriação artística e da vida. Este paradigma propõe uma alternativa à abordagem científica que se apega a sistemas e estruturas, contrapondo-se à rigidez da dimensão de sistema. 

FONTE:

GUATTARI. Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Editora 34, 1992.