![]() Sociologia do sofrimentoEtnografia é um ramo da antropologia e do estudo sistemático de culturas individuais que explora fenômenos culturais do ponto de vista do sujeito do estudo e também é um tipo de pesquisa social que envolve examinar o comportamento dos participantes em uma determinada situação social e compreender a interpretação dos próprios membros do grupo sobre tal comportamento. A etnografia de Loïc Wacquant* caracteriza-se por uma aproximação "carnal" do objeto de estudo, combinando a observação participante com o conceito de habitus de Pierre Bourdieu** para investigar o corpo como espaço de dominação e resistência. Sua pesquisa etnográfica, desenvolvida em locais como os guetos de Chicago e prisões nos EUA e Brasil, busca desvendar a sociologia do sofrimento*** através de uma análise profunda do cotidiano dos indivíduos, como no seu livro Corpo e Alma: Notas Etnográficas de um Aprendiz de Boxe.
O sofrimento é um tema tão profundo e complexo que tem sido tratado por todos os ramos do conhecimento. As perguntas básicas que dominam este tema variam segundo o campo analítico. O que é o sofrimento? Qual a relação entre sofrimento individual e sofrimento colectivo? Há sofrimento justo e sofrimento injusto? Qual a fonte ou causa do sofrimento? Qual é a sua anatomia? Como é que o sofrimento pode ser superado ou redimido? De uma ou de outra forma estas perguntas estão presentes nas diferentes áreas do conhecimento, sobretudo na teologia, na filosofia e nas ciências sociais.
*Professor de sociologia e pesquisador associado do Institute for Legal Research na Boalt Law School da Universidade da Califórnia, onde é filiado ao Global Metropolitan Studies Program, ao Program in Medical Anthropology, ao Center for the Study of Race and Gender, ao Designated Emphasis in Critical Theory e ao Center for Urban Ethnography. Wacquant também é pesquisador do Centre européen de sociologie et de science politique em Paris. Seus interesses perpassam estudos comparativos sobre marginalidade urbana, dominação étnico-racial, pugilismo, o Estado penal, teoria social e a política da razão.
**De origem campesina, filósofo de formação, foi docente na École de Sociologie du Collège de France e desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da dominação e é um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos da antropologia e sociologia, cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística e política.
***A sociologia do sofrimento investiga como as condições sociais e estruturas económicas, como o capitalismo e o neoliberalismo, moldam as experiências individuais de mal-estar, precariedade e perda, resultando em sofrimento social e psíquico. Os sociólogos analisam como a sociedade influencia a saúde mental, a individualidade e a capacidade dos indivíduos de lidar com adversidades, e como esses problemas se manifestam no corpo e na mente.
FONTE: BOURDIEU, Pierre. 1998. On Television and Journalism. London: Pluto. p. 59. KRUPAT, A. (2023). Etnocrítica: Etnografia, História, Literatura (em espanhol). University of California Press. WACQUANT, Loïc. The body, the ghetto and the Penal State, 2008. Disponível em: http://loicwacquant.net/assets/Papers/BODYGHETTOPENALSTATE.pdf
IMAGEM: https://www.meer.com/pt/74590-a-divisao-social-do-sofrimento LucianaFranklin
Enviado por LucianaFranklin em 22/08/2025
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